EL TIGRE FRIEDENREICH

Tarde de futebol, mais uma pugna no Jardim América. Lá, a formidável equipe do Paulistano adentra as quatro linhas do field. Aglomerado na constelação Paulista estava o astro principal do selecionado, líder das ações ofensivas, o inigualável artista futebolístico dos gramados brasileiros. Os platenses possuiam seus grandes craques, o Brasil possuia Arthur Friedenreich.

Sob o comando de ataque da vanguarda brasileira, El Tigre permanecia posturado, esbelto, elegante. Era de classe fina e de técnica inconfundível, um verdadeiro artista.

Possuindo o domínio equivalente em ambas as pernas, causava terror aos sistemas defensivos adversários. Possuía a capacidade de análise muito avançada, estando sempre à frente dos movimentos previstos, além de extrema agilidada. Liderava as ações ofensivas conforme o sistema adversário Era um jogador de muita mobilidade, sempre ludibriando as atenções dos marcadores adversários. Sabia tanto ser o construtor das ações quanto o executor das mesmas; sabia tanto combinar com o trio interno quanto lançar a bola para os wingers. El Tigre não era individualista, todavia um jogador que sempre visava o companheiro mais bem posicionado. Alinhava o valor científico com a improvisação — um pouco mais de improvisação do que de cálculo em si — característica do futebolista sul-americano, especialmente naquela época.

Para qualquer um que o desconhecesse, este achava que aquele jovem franzino de baixa estatura não poderia arrematar com tanta força, porém, ademais, arrematava com muita precisão também, quase sempre de maneira obliqua, longe do alcance de hábeis goleiros.

Fried foi um jogador de muita longevidade, alinhando a mesma ao alto nível de desempenho que atingiu em sua carreira. Foi dos grandes futebolistas da história, sem sombra de dúvidas.